Se estamos lendo esse artigo é porque identificamos, naquele estadiamento inicial, um paciente metastático, que não entra na opção de tratamento curativo. Aqui, entramos dentro de um cenário que chamamos de doença crônica. O câncer aqui não será curado, mas será tratado como aquelas doenças não curáveis.

Normalmente, converso com meu paciente que está nessa situação, que nos encontramos como em uma doença crônica qualquer, como por exemplo uma diabetes ou uma hipertensão. Tanto essas como “n” outras doenças não são curáveis e vão conviver conosco por toda a vida, e devemos saber que assim se dará. A acompanharemos e a trataremos por toda a vida.

Sim, o câncer é uma doença mais preocupante que essas outras patologias cotidianas, e deve ser vigiado e tratado ainda mais de perto, do que as outras que citei, pelo seu potencial de disseminação e complicações. Ainda assim, não fugirá a regra: doença que deve ser tratada a vida toda.

Ponto 1: vamos encarar

Encarar que o tratamento será para sempre é o primeiro passo.

Ultrapassada essa etapa, seguiremos com tratamento que consegue atingir o corpo todo, chamado tratamento sistêmico. Aqui, estamos falando da quimioterapia, majoritariamente, mas também de outras medicações como anticorpos monoclonais, inibidores de tirosina kinase, trifluridina, etc… destinaremos outros artigos para falar deles, com calma.

O objetivo nesse momento do tratamento é controlar o avanço da doença. E aqui, pacientes, estamos falando em conseguir que a doença estacione ou que tenha redução de seu volume. Sabemos que o anseio pela segunda é grande, mas tornar a doença estável, também é resposta ao tratamento oncológico e muito bem-vinda.

Então, iniciado o tratamento com um desses agentes citados, ou com a combinação deles, seguimos por um determinado período, até fazermos novas imagens de reavaliação de resposta. Nesse período do tratamento, é importante o paciente informar ao oncologista sobre os efeitos do tratamento: se está se sentindo melhor, pior ou igual, porque isso já é um meio de reavaliar o paciente mesmo sem imagem ou laboratório.

Outro parâmetro positivo é identificarmos, nos exames de sangue que antecedem a quimioterapia, um ou mais marcadores tumorais, caso tenham marcadores específicos para a doença que está sendo tratada. Marcadores tumorais são parâmetros acompanhados pelos exames de sangue e nos auxiliam em saber sobre resposta ao tratamento.

A queda deles, possivelmente, significa que o paciente está respondendo ao tratamento que vem sendo estabelecido. E, finalmente, os exames de imagens nos dão a visão fidedigna do que de fato está acontecendo: estamos no caminho certo?

Caso estejamos, damos continuidade ao tratamento.

A pergunta que não quer calar, e que sempre nos fazem: “mas é para sempre”? Inicialmente, sim. Existem alguns momentos, que sabemos que o paciente está com doença estável há algum tempo, assintomático, e cansado da quimioterapia e seus efeitos colaterais. A decisão de “férias” é algo palpável, mas que deve ser estritamente combinado e acertado entre as partes: oncologista e paciente. Caso o médico não recomende, elas de fato, não podem ser retiradas.

Caso não estejamos no caminho certo, provavelmente, o seu oncologista conversará sobre abandonar esse tratamento, e seguir com um novo. E, aqui, paciente…bora para frente, porque temos nova oportunidade de melhora!!!

Em meio a esse tratamento chamado sistêmico, em alguns momentos, poderemos precisar de tratamentos locais para controle de sintoma ou doença, como a radioterapia e/ou intervenção por radiologia, e assim o faremos; normalmente, parando a quimioterapia, transitoriamente.

E assim, seguimos o tratamento paliativo do paciente com doença metastática: fazendo uso ora da quimioterapia, ora de outros tratamentos orais, ora de tratamento local, ora “de férias”…e vamos, caminhando. E, sempre, SEMPRE: individualizando o tratamento. O tratamento de um conhecido nunca será igual ao seu!!!