ONCOLOGIA PERSONALIZADA. Para nós da Oncologia, sabemos que cada vez mais, o futuro do tratamento do câncer colorretal está justamente nessa expressão. Fazendo-me mais clara…

Porque todos os tumores não respondem, uniformemente?

Porque todos os tumores não respondem à mesma quimioterapia?

Porque o fulano tem câncer de intestino e respondeu bem a esse tratamento, e o do ciclano, que também é um câncer de intestino, não?

Porque, molecularmente, os tumores são DIFERENTES uns dos outros!!!

Se os tumores são diferentes uns dos outros, já temos a resposta que não existe um tratamento único que vai dar resultado em todo mundo. Por isso, paciente, quando receber aquele whatsapp, falando sobre uma vacina que foi descoberta, que “mata” o câncer, por favor, não vamos repassar essa bobagem…e muito menos ao seu oncologista ( #ficaadica). É impossível um único medicamento que trate todos os cânceres!

Se um tumor de mesma localização é diferente um do outro, imagina uma vacina tratar todos os cânceres de todas as localizações.

Voltando ao contexto…

A cada dia, a Oncologia evolui com novas descobertas sobre o comportamento dos tumores. Descobrindo como eles se comportam, são descobertas também, a maneira como podemos atacá-los. Por exemplo: se fulano sai todos os dias de casa, para fazer sua atividade física pela manhã; se eu quero atrapalhar essa atividade, não vou deixar que ele saia pela manhã.

Sim, essa é uma comparação grosseira, mas assim, também, funciona a pesquisa de medicações oncológicas. Se sabemos que aquele tumor é estimulado, por exemplo, por uma determinada substância do organismo, vamos impedir que essa substância chegue ao local do estímulo, ou vamos impedir que esse local seja acessado.

Esse é só um exemplo de “n” situações que vem sendo identificadas pelos nossos grandes pesquisadores. E é aí que são identificadas várias diferenças entre os tumores e são desenvolvidos medicamentos chaves para suas características individuais.

Quando voltamos esse cenário para cólon e reto, já temos algumas alterações moleculares e vias estimuladoras do câncer identificadas, e muitas outras sendo pesquisadas. Por isso, uma das etapas mais importantes na chegada do paciente com câncer de intestino é identificar quem é o meu paciente.

Se ele tem a alteração x ou y, e com essas alterações podemos delimitar o tratamento mais provável que o paciente responda. Tais alterações moleculares são identificadas através do material tumoral retirado do paciente; material este provindo de uma cirurgia ou da biópsia.

Alteração identificada, iniciamos o tratamento com uma medicação “chave” para aquela alteração. Essa medicação é chamada de terapia alvo, pois ela é direcionada, especificamente, para essa alteração. No câncer colorretal temos algumas medicações desse tipo como: inibidores de anti-egfr; inibidor de MEk; inibidor de BRAF; inibidor de fusão n TRK; etc. Mas, atenção! Toda essa terapia alvo só é incorporada ao tratamento quando o paciente tem doença metastática! Ainda não foram comprovados os benefícios dessas medicações chaves no paciente com doença localizada / curativa.

Enfim, a medicina oncológica hoje, nos mais diversos cânceres, está indo em busca das peculiaridades tumorais para cada vez mais podermos entregar o tratamento mais possível de fazer efeito, e termos ótimos resultados. Por isso, a necessidade de investimentos em pesquisa clínica é urgente, e deveria ser olhada diferente no nosso Brasil.