Bom, é fato que nossos pacientes operados de um tumor de cólon ou reto evoluem com queixas relacionadas ao trato gastrointestinal inferior. Logicamente, os efeitos colaterais imediatos ou crônicos ( sequelas ) dependem do tipo de cirurgia que o paciente foi submetido: aberta, laparoscópica ou robótica. E isso, em primeiro lugar, depende da indicação do cirurgião, e em segundo lugar, considerações que envolvem o doente.

Uma das maiores queixas presentes nas consultas são a frequência evacuatória aumentada. A cirurgia implicou em alterações anatômicas e funcionais das estruturas colônicas ou retais, e por isso, temos não somente evacuações mais frequentes, como também incontinência fecal e de flatos, além de urgência evacuatória. E todos esses sinais e sintomas, constituem a síndrome de ressecção anterior baixa. O cirurgião, normalmente, admite que tais mudanças atinjam um platô entre 1 e 2 anos, e após a tendência seria evoluir para uma função intestinal mais próxima do normal. No entanto, ainda após esse período, a maioria mantém queixas, embora melhores.

Outra consequência de algumas cirurgias é a colocação de uma bolsa de colostomia, que pode ser para sempre ou por um período. Muitas vezes, o cirurgião precisa liberar o trânsito intestinal para que o indivíduo consiga se alimentar e evacuar por essa via. O paciente ostomizado, quando não teve a região anal fechada, frequentemente, também se queixa de saída de muco pelo reto. Isso deve ao fato de ainda termos um órgão produtor de muco ali, que não foi fechado, então é natural, essa secreção ser exteriorizada.

Embora, menos frequentes, e mais antigas, alguns pacientes ainda se queixam sobre problemas de ereção ou capacidade de atingir o orgasmo, naqueles pacientes que operaram reto baixo.

E, finalmente, é muito frequente, pacientes que operaram o intestino ou outra parte do abdômen, apresentarem o que chamamos de brida. Brida é o nome dado para aderências que os órgãos dentro da cavidade abdominal podem sofrer. A brida é traduzida em sintomas como: dor abdominal, vômitos e parada de eliminação de fezes e flatos. Isso é uma condição emergencial, e que necessita de internação para tentar conversão conservadora ou cirúrgica.

Bom, são esses os principais efeitos negativos de uma cirurgia colorretal. Mas, que de maneira nenhuma, são regras e, por isso, vemos em graus diferentes de frequência de apresentação nessa população.

Cabe ressaltar ainda, que esses sinais e sintomas estão sendo reduzidos, pela incorporação da robótica em muitos cenários de tratamento cirúrgico.