Primeiro, o que é doença curativa? É aquela que temos intenção de cura.
É lógico, que quando falamos de câncer, estamos lidando com alguma possibilidade, frente a tumores mais agressivos, de não alcançarmos o objetivo. Então, a melhor definição aqui é de DOENÇA POTENCIALMENTE CURATIVA. E, enganam-se, aqueles que acreditam que só estamos falando de doenças com aquele estadiamento que acusa só o tumor primário. O câncer de cólon e reto apresentam particularidades no seu tratamento, onde muitas vezes quando o paciente tem metástases em determinadas localizações, podemos reverter o quadro.
Mas, vamos partir daqueles pacientes que apresentam somente a doença no cólon.
É impossível falar em tratamento curativo, e não falar sobre cirurgia.
O pilar do tratamento curativo sempre parte ou objetiva a cirurgia.
Normalmente, iniciamos o tratamento do câncer de cólon localizado, ou seja, sem metástase, pela cirurgia: retirada do tumor primário. Conforme já citamos aqui no Blog, é realizada uma nova biópsia da peça cirúrgica, que vai abranger todo o tumor retirado pelo cirurgião, além de uma margem de segurança de intestino e gânglios ao seu redor, chamados linfonodos.
Todo esse material vai para um patologista, onde serão lidas todas as informações relevantes, e passadas ao oncologista.
Com essas informações em mãos, o oncologista consegue determinar se há necessidade de se fazer um tratamento complementar com quimioterapia, qual a quimioterapia mais indicada, e o tempo necessário da mesma.
Aqui, no tratamento do câncer de cólon com doença localizada, não temos indicação de fazer uso da radioterapia.
Já tratado o paciente com doença local, vamos conversar sobre aquele doente que chega cabisbaixo no nosso consultório, achando que a vida acabou para ele, porque está com metástases no fígado.
Sim, quando a doença sai de onde se originou, temos um paciente que se encontra no Estádio IV. Mas, isso não quer dizer que ele não possa sair de lá! Sim, as metástases do fígado são o primeiro sítio de doença fora do cólon, e são sim preocupantes, mas precisamos de equipes multidisciplinares capazes de avaliar caso a caso para definir seu tratamento.
O que quero dizer é que precisamos de um time de oncologistas, cirurgiões, radioterapeutas, radiologistas, radiologistas intervencionistas, endoscopistas, patologistas, etc…trabalhando, individualmente, cada paciente, a fim de se delimitar o melhor tratamento para ele.
Nesses casos, podemos considerar que o paciente não entra mesmo dentro da proposta curativa; ou que ele entra, certamente; ou que vai depender da resposta dele a quimioterapia. Nas segunda e terceira situações, normalmente, se o paciente está bem e não apresentar nada que impeça, iniciamos quimioterapia com ou sem um anticorpo monoclonal ( será discutido em outro artigo ), e reavaliamos mais a frente.
Fazemos reavaliações por imagens e rediscutimos com o time multidisciplinar como prosseguir. Paciente respondeu? Já se pode operar? Faremos mais quimioterapia? Paciente não respondeu? Mudamos de quimioterapia?
Enfim…discutir, discutir e discutir. Chegando ao consenso de que o mesmo vem tendo resposta à quimioterapia, podemos falar em operar. Se não pudermos operar por algum motivo, vamos discutir a possibilidade dos tratamentos locais não cirúrgicos, que deverão ser abordados em outro artigo.
Seguimos então decidindo onde (metástases? Primário?) e em qual momento retirar as lesões malignas ainda existentes no organismo.
Paciente operado, agora, livre de doença, provavelmente, fará mais uma etapa de quimioterapia, e, finalmente, entrará em acompanhamento/vigilância oncológica.
Para ciência dos nossos pacientes, metástases pulmonares em algumas situações como lesão única ou localizadas em uma região pequena do pulmão, podem entrar também na discussão acima do time de multidiscliplinariedade, sendo elegíveis a tratamento curativo.